Nascido numa família tradicionalmente ligada às artes, por um avô escultor de marionetes mecânicas e o pai pintor e restaurador de arte sacra, Mario vive uma infância em permanente curiosidade pela aprendizagem das técnicas e plena de motivação criativa, que o levam com apenas dezasseis anos a realizar exposições individuais de pintura, alcançando um irreverente sucesso. Mas o seu interesse e fascínio pelas Belas-Artes acabará por conduzir-lo aos centros europeus de maior dinâmica cultural e de vanguardas artísticas.

Inicialmente radicado em Paris onde permanece três anos estudando e trabalhando, é um assíduo frequentador de museus, ateliers e galerias. A sua simpatia pelo expressionismo e em particular pelo manifesto do grupo CoBrA levaram-no a visitar Amsterdão e ai se instalar num Ateliê próximo de New-Market onde continua o seu trabalho como pintor, participando ainda em ações de um grupo de artistas apelidado de "surreal neo-maneirista". Na constante procura da própria via, de identidade artística, Mario viaja para Veneza, Roma e Florença ao confronto direto com a "Obra" dos grandes mestres renascentistas mas interessa-se particularmente pelos maneiristas tidos como percussores do expressionismo como Pérugino Veronese Ucello Parmigianino, tornando- se num compulsivo desenhador e frequentador de museus e especialmente da Galeria degli Uffizzi.

Durante a estadia em Itália, nutre-se de uma particular curiosidade pelas civilizações da antiguidade, influenciado não só pelo berço de infância mas de toda a Cultura Europeia. No intuito de estudar a Antiguidade Clássica, faz varias viagens à Grécia onde descobre sua nova paixão, a escultura.

Estamos no início da década de oitenta, e de regresso a Portugal, instala-se em proximidades de explorações de mármore no sul do país, iniciando-se na escultura como autodidata. Explorando inicialmente a adaptação de processos cromáticos da pintura à dimensão da escultura onde grava, talha e pinta no mármore, representações de um universo onírico, aplicadas em baixos e altos-relevos que aparentam a frescos fragmentados. Este método evolui para a execução de murais de grandes dimensões, utilizando o recorte em placas de variados mármores sobrepostos, combinados pelos tons e texturas da pedra, como definição dos contornos da figura, num exercício neo- expressionista. Começando nesta fase a utilizar as ferramentas mecânicas, trabalhando o método da talha direta, e abandonando as metodologias clássicas de elaboração da obra, surgem assim as primeiras esculturas tridimensionais.

Em finais da década de noventa desenha-se uma relevante fase na sua carreira de escultor; surgem as intervenções na paisagem, ações de inspiração 'land-art' desenlace com o tradicional versus uma maior abstração e sensualidade dos corpos na vasta paisagem. Sucedem-se as encomendas para o domínio público, as obras em centros urbanos tornam-se monumentais estabelecendo diálogos com a Arquitetura. Podemos observar a sua "obra" por distintos períodos de evolução tanto pela versatilidade de técnicas utilizadas como pela diversidade de médiums empregues mas ainda pela abordagem formal. A sua obra possui essa humorada e infinita capacidade de sugestões que o caraterizam como autor.

Clara Lavignia.